Lemoine PESSON GERARD - CANTATE EGALE PAYS N.1 - JACHERE AIDANT - VOIX, ENSEMBLE ET ELECTRONIQUE
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Lemoine PESSON GERARD - CANTATE EGALE PAYS N.1 - JACHERE AIDANT - VOIX, ENSEMBLE ET ELECTRONIQUE
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Disciplina / Instrumento: voz, ensemble e eletrônica Nomenclatura: 2S / T / B / fl / cl / clav / perc / vl / vla / vlc / electr. Duração: 20' Gênero: Contemporâneo Mídia: Partitura Editor: Lemoine Data de publicação: 17/05/2010 Libretista: Poemas de Mathieu Nuss (1980) Comissionado por: Ircam-Centre Pompidou e Ars Musica Criação: 07/06/2010 - Paris, Festival Agora, Centre Pompidou - Ensemble vocal Exaudi, l'Instant Donné, Daniel Lévy (cenografia), Sébastien Roux (Realização informática musical, Ircam) ISBN / ISMN: 9790230988698
Nota
Meditada desde 2007, aguçada pela leitura das cantatas de Bach, a criação de Gérard Pesson marca seu primeiro encontro com a eletrônica e a luteria virtual. Toda a poética do compositor francês, um teatro de luzes e intermitências, investe o espaço cênico das cantatas: uma maquinaria minuciosa de gestos instrumentais, objetos encontrados, desviados ou fabricados - os "céus acústicos", o órgão de vidro. A dramaturgia lembra a divisão barroca com seus movimentos de configuração variável, os ritmos de dança ou a alternância entre solistas e ensemble. Neste "país-cantata" que é ao mesmo tempo traço e memória, origem e destino, a escrita viva do presente (os textos do jovem Mathieu Nuss ou de Elena Andreyev) é interrompida pela visitação do passado, aqui a imensa poesia de Gérard Manley Hopkins e sua visão de uma natureza transfigurada.
Trecho do programa do Festival Agora
Quis estas cantatas como um teatro interior, um teatro de palavras onde a paisagem da música, seu movimento panorâmico, sua velocidade, são o poema. Poema amigo, primeiro suposto, chamado, discutido, riscado, dito e redito. Texto construído por leituras apaixonadas que se torna a pré-figuração exata do tempo da música. Então, música e poema fazem território. Eles são um para o outro o país. A cantata é ópera de climas, respiração articulada na qual a música se torna didascália do poema, seu verso escandido. A cantata é uma e fragmentada, é uma narração livremente relançada, frequentemente interceptada por seu próprio comentário. Seu fundo de imagens seria como compartilhado, assim como devia ser, na época de Bach, a história bíblica. Desejei que essas cantatas, que são uma dramaturgia sem ação explícita, fossem porém colocadas em profundidade, em luzes, em palavras também, por um artista vindo do espetáculo. Fiz a proposta a Daniel Lévy com quem já tive a sorte de colaborar. Essas três cantatas são distintas, têm formações vocais e instrumentais ligeiramente diferentes, mas uma diagonal as atravessa, que passa pela poesia profunda e estonteante de Gerard Manley Hopkins (1844-1889) onde se concentram uma meditação sobre a presença de Deus e uma observação da natureza, de seus elementos dos quais a música em si é uma parte atmosférica. Encontra-se um eco à "questão de Deus" e ao "cenário plantado" nos dois textos contemporâneos das cantatas 1 (Mathieu Nuss) e 3 (Elena Andreyev). Essas cantatas adotam uma forma em números sucessivos, frequentemente breves, encadeados ou não. Encontramos, por exemplo na primeira, corais, árias, recitativos, mesmo que nada na música (exceto talvez o som de um órgão) faça alusão ao universo barroco - salvo também (na segunda cantata) o uso do poema de Manley Hopkins em homenagem a Henry Purcell. A eletrônica aqui é a tentativa que prolonga e põe em perigo o poema (e não menos o músico). Para mim é a aventura por excelência - minha primeira verdadeira incursão neste domínio. Fé no poema, dúvida na eletrônica. O que os liga é uma espécie de instrumentalização cuja técnica do sample se torna o precipitado poético, transformado aqui em um teclado de sensações. Samples de vozes, ventos, chuvas, sopros, trem ao longe, relógios e pássaros. O murmúrio do mundo - esse Naturlaut de que falava Gustav Mahler - entra inteiro numa caixa de maravilhas, deixando ver suas costuras (até os artifícios das caixas de ritmos), mas não menos sua aspiração quase infantil de se fundir em todas as vozes, de as abraçar, de as desdobrar como um desses gênios dos contos orientais que saem da lâmpada a óleo se a esfregarmos - e aqui, esfregamos muito. Depois, por sua vez, o sample, que é questão de enquadramento apertado, resemear os instrumentos que se tornam enxertos de teclado. A eletrônica, nas três cantatas, é deliberadamente não espacializada. Deve formar com os instrumentos e as vozes, todos amplificados, um som homogêneo e centrado que delimita o espaço do jogo, aquele da palavra. A eletrônica (exceto na cantata 2, onde assume mais a função de um "cenário sonoro") está na maioria das vezes fundida com os músicos em um meta-instrumento. Em nenhum momento a eletrônica afirma potência, brilho. Sua presença, frequentemente indiscernível, é um ponto de fuga da escuta, como uma perturbação que se pode integrar plenamente à imagem sonora, ou deixar operar como um veneno ligeiramente urticante do timbre.
Com a ajuda da pousio A primeira cantata, sobre um texto do poeta Mathieu Nuss, escrito especialmente para esta ocasião, é uma espécie de cantata expressa, líquida, mutante, sussurrante, às vezes cantada baixinho, cada unidade sendo extremamente breve. Um narrador parece entregar sua visão de maneira lúdica, frequentemente interrogativa. A divisão é rápida, como o storyboard de uma história a desenvolver, mas dada ali na urgência. A eletrônica está ligada ao "teclado de sensações" do qual falei, concebido a partir de ruídos cotidianos ou atmosféricos que, pouco a pouco, se transformam em escalas musicais e em teclado cantando.