Lemoine MURAIL TRISTAN - LES NEIGES D'ANTAN - CONDUCTEUR
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Ref.: 356478
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Uma das minhas primeiras peças para orquestra chamava-se Altitude 8000. Tive, então, a oportunidade de sobrevoar os Alpes numa manhã de inverno, entre Paris e Nice, e fiquei fascinado pelo espetáculo das montanhas nevadas, tingidas pelo sol matinal. O movimento suave do avião contrastava com os picos tormentosos e recortados. Todas essas sensações tornaram-se as texturas musicais de Altitude 8000 (8000 referia-se, claro, à altitude de voo do avião). Esta peça era a obra um pouco desajeitada de um estudante de composição musical... mas gostei de voltar a este tema e tentar celebrar novamente a visão dos glaciares e das neves eternas. Infelizmente, desde a época em que Altitude 8000 foi escrita, as neves e os glaciares começaram a derreter... Penso, por exemplo, no glaciar de La Meije (que Messiaen tanto gostava, e que eu observei frequentemente): ele recuou várias centenas de metros, ainda se vê a sua antiga marca entre as rochas. "Mas onde estão as neves de outrora?" questiona François Villon no século XV, num verso que se tornou famoso e frequentemente repetido, usado de várias maneiras. A questão de Villon era retórica, mas hoje podemos interpretá-la de forma muito literal... onde estão afinal as neves de outrora? As imagens sonoras da peça: grandes espaços, tilintares da transumância (graças à análise espectral dos múltiplos e ritmados tilintares dos sinos dos rebanhos de vacas), brilho das altitudes, mas, em contraste, degelos e desmoronamentos...
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